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Ruanda reconstrói-se 20 anos após genocídio

Quarta-feira, 14.05.14

O desespero perante uma realidade difícil em 1994
O GENOCÍDIO ocorrido no Ruanda, que afectou mais aos tutsi, deixou pelo menos 800 mil mortos em 100 dias. Vinte anos depois, o pequeno país dos Grandes Lagos africanos concluiu o processo de julgamentos e reduziu a pobreza, mas ainda tem pouca liberdade.
EM 1994, Moçambique estreava-se em eleições multipartidárias, a África do Sul elegia o seu primeiro presidente negro no pós-apartheid, o Reino Unido e a França inauguravam o Eurotúnel e a NATO fazia o primeiro ataque contra aviões sérvios durante a guerra da Bósnia.
No mesmo ano, e em 100 dias, de Abril a Junho, 800 mil pessoas morriam assassinadas no Ruanda. O genocídio, termo adoptado após muito debate nos comités da ONU, foi um dos episódios mais sangrentos da segunda metade do século XX, e afectou quase um terço da população do pequeno país da África Central.
A matança de tutsis, etnia minoritária do Ruanda, começou a ser organizada poucos anos antes pelo então governo de maioria hutu. O estopim foi a morte do presidente Juvenal Habyarimana, num atentado, até aqui não esclarecido, que derruba o avião no qual ele viajava com o seu homólogo e vizinho, o burundês Cyprien Ntaryamira. Sem o presidente, os radicais do governo apropriaram-se da administração e eliminaram opositores. A extinção tutsi virou política de Estado, campanha promovida com incentivos e ameaças e enfatizada em discursos na rádio e na TV.
“Basicamente, o genocídio foi causado por um desejo de elites em manter o poder e uma população aberta à manipulação por causa da pobreza crónica”, explicou ao G1 Nigel Eltringham, professor de antropologia da Universidade de Sussex, no Reino Unido.
O genocídio não apenas matou entre 800 mil e 1 milhão de pessoas (nas estatísticas do governo), como acabou com toda a precária estrutura do país.
Vinte anos depois, no entanto, Ruanda exibe estatísticas surpreendentes: redução da pobreza de 59 por cento em 2001 para 44,9 por cento em 2011, um crescimento económico de 8 por cento ao ano, PIB per capita de 1,5 mil dólares (contra 575 dólares em 1995), 95 por cento de taxa de matrícula no ensino primário e taxa de alfabetização de 71 por cento. Segundo o relatório “Fazendo Negócio”, do Banco Mundial de 2013, o país aparece em 52º dos 185 países mais fáceis para fazer negócio e em 8º no ranking de melhores nações para se começar um negócio.
Todos esses óptimos indicadores foram conquistados com pouca liberdade de expressão e repressão política do actual governo. Outra crítica é a falta de julgamento de crimes cometidos pela guerrilha tutsi que pôs termo ao genocídio. Organizações internacionais também apontam o envolvimento da actual administração no conflito da vizinha República Democrática do Congo (RD Congo).
Apesar de viver sob um governo quase autocrático, os ruandeses devem ver, em pouco tempo, o seu país ficar independente da ajuda internacional – responsável por 86 por cento do orçamento do país em 2001, hoje o envio estrangeiro chega a 40 por cento. O dinheiro das doações foi a base para a reconstrução do país. Um mundo envergonhado pela omissão e falta de atitude deu boas gorjetas à nação devastada. Assim que o genocídio acabou e que as cifras de mortos foram estampadas, as potências tentaram compensar o seu silêncio com uma boa verba para a reconstrução. Mas a verdade é que a inacção da comunidade internacional fez com que o Ruanda ficasse marcado como um vergonhoso exemplo de indiferença e abandono das potências mundiais.

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publicado por Novaldo às 22:29





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